quarta-feira, 7 de março de 2018

07 de março - Beata Maria Antônia de São José - Mamá Antula


A Beata Maria Antônia de Paz e Figueiroa, conhecida por todo o povo como Mamá Antula, nasceu em 1730, em Santiago del Estero, região noroeste da Argentina. Descende de uma ilustre família de conquistadores e governantes. Passou a sua infância no campo, na fazenda de seu pai, em estreito contato com o povo simples, nativo da terra, e com a espiritualidade inaciana, acessível a ela na paróquia dirigida por jesuítas.

Aos 15 anos decide consagrar-se. Naquela época, porém, todos os conventos eram de clausura, o que não atendia à sua vocação. Assim, resolve fazer uma consagração particular, e toma o nome de Maria Antônia de São José. Decide vestir-se com a túnica preta dos jesuítas e, reunindo-se a outras mulheres que também optaram pela consagração particular, vivem numa comunidade de vida ativa. Naquele tempo, eram chamadas “beatas”. (Hoje seriam “leigas consagradas”). 

Dirigidas espiritualmente por um sacerdote jesuíta, o Pe. Gaspar Juárez, as “beatas” se dedicavam a ajudar os sacerdotes jesuítas em seus trabalhos (sobretudo ministrando os Exercícios Espirituais). Também instruem as crianças, costuram, bordam, cuidam dos enfermos, repartem esmolas.

Em 1767 Carlos III decide expulsar os Jesuítas da América do Sul. Mamá Antula tem 37 anos na época. Dando-se conta da tremenda perda espiritual para o povo que essa expulsão representava, decide evitar o dano e manter a prática dos Exercícios de Santo Inácio. Isto não foi bem visto pela sociedade. O ambiente era hostil. Mas Mamá Antula persevera em seu intento e segue ministrando os Exercícios Espirituais.

De 1768 a 1770, caminhando sozinha – peregrina, descalça e a pé - vai convidando as pessoas, de uma a uma, para fazer os Exercícios Espirituais. É chamada de louca, bêbada, bruxa. Mas não se detém: Percorre Santiago del Estero, Silípica, Loreto, Salavina, Soconcho, Atamasqui, etc. Logo decide percorrer outras províncias, e vai a Catamarca, La Rioja, Jujuy, Salta y Tucumán.

Comovido por seu empenho e pelos frutos dos Exercícios que via no povo, em Tucu-mán o bispo dá licença oficial a Mamá Antula para que prossiga em sua atividade.

Ela costumava ministrar os Exercícios num período de 10 dias corridos, e os promovia durante todo o ano. Em seus grupos de exercitantes conviviam o rico e o pobre, as “Damas” com suas servas, os proprietários de terras com seus peões de campo.
Diante do êxito destes retiros, Mamá Antula decide ir a Buenos Aires. Era uma loucura. Ela e suas companheiras teriam que caminhar 1.400 km a pé numa zona perigosa, habitada por animais selvagens e ladrões violentos. Mas nunca lhes aconteceu nada. Uma de suas frases que lhe guiava os passos era: “a paciência é boa, mas a perseverança é melhor.” E ela a aplica em sua vida com máxima expressão.

Ao chegar em Buenos Aires, em setembro de 1779, depara-se com a oposição do Vice Rei, que tinha uma antipatia visceral por tudo o que era jesuíta. Mamá Antula teve que visitá-lo durante um ano para obter a licença para os Exercícios. Mas conseguiu! Faltava ainda a licença do Bispo, que demorou 9 meses para ser dada, enquanto ele recolhia informações sobre Mamá Antula. Quando, enfim, entendeu quem era aquela mulher, deu-lhe não só a autorização como se tornou um grande admirador e defensor.

Em 1780, obtidas as licenças oficiais, começam os Exercícios em Buenos Aires, com um êxito inacreditável. Em menos de um ano houve 8 retiros com grupos de 200 a 300 pessoas, a quem Mamá Antula presidia com carisma inaciano e técnica impecável. Em quatro anos, ministrou os Exercícios a, aproximadamente, 15.000 pessoas.

Ela, naturalmente, não tinha dinheiro. Mas a Providência era generosa. Mamá Antula sempre pôde atender a todas as necessidades dos Exercitantes. E sobrava. Ela ainda doava víveres às prisões, hospitais, aos mendicantes etc.
Ricos e nobres aproximavam-se também e faziam os Exercícios. Ofereciam grandes doações, com as quais Mamá Antula pode construir a magnífica “Santa Casa de Exercícios Espirituais”, que é um dos edifícios mais antigos de Buenos Aires.

Logo Mamá Antula vai a outros países da América Latina, com o mesmo êxito, em seu desejo de “ir onde Deus não é conhecido para fazê-lo ser conhecido”. Sua obra se torna conhecida também na França.
Segue incansável até o dia de sua morte, aos 69 anos, no dia 7 de Março de 1799. Quando morreu, calcula-se que umas 80.000 pessoas haviam se beneficiado dos Exercícios de Santo Inácio de Loyola.

Em 1905 bispos da América Latina, vigários e comunidades religiosas levaram a causa de sua canonização à Santa Sé. Foi beatificada em Santiago del Estero pelo cardeal Angelo Amato, enviado especial do Papa Francisco, seu devoto, que se uniu à festa com uma mensagem na qual dizia: Ontem, em Santiago del Estero, na Argentina, foi proclamada Beata Irmã Maria Antônia de San José; o povo a chama Mamá Antula; que o seu exemplar testemunho cristão, especialmente o seu apostolado na promoção dos Exercícios Espirituais, possa despertar o desejo de aderir cada vez mais a Cristo e ao Evangelho”

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