quarta-feira, 22 de novembro de 2017

22 de novembro - Beato Tomás Reggio

"Sede praticantes da Palavra, e não apenas ouvintes" (Tg 1, 22). Estas palavras do apóstolo Tiago fazem pensar na existência e no apostolado de Tomás Reggio, sacerdote e jornalista, que depois foi Bispo de Ventimiglia e por fim Arcebispo de Genova. Homem de fé e de cultura que, como Pastor, soube ser guia atenta dos fiéis em todas as circunstâncias. Sensível aos numerosos sofrimentos e pobrezas do seu povo, empenhou-se numa ajuda imediata em todas as situações de necessidade. Precisamente nesta perspectiva deu início à Família religiosa das Irmãs de Santa Marta, confiando-lhes a tarefa de prestar assistência aos Pastores da Igreja, sobretudo no âmbito caritativo e educativo.

A sua mensagem sintetiza-se em duas palavras: verdade e caridade. Em primeiro lugar a verdade, que significa escuta atenta da palavra de Deus e ímpeto corajoso na defesa e difusão dos ensinamentos do Evangelho. E depois a caridade, que leva a amar a Deus e, por amor dele, a abraçar a todos, porque são irmãos em Cristo. Se houve uma preferência nas opções de Tomás Reggio, foi por quantos se encontravam em dificuldade ou no sofrimento. Eis por que hoje ele é proposto como modelo a Bispos, sacerdotes, leigos, e a todos os que fazem parte da sua Família espiritual.

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 3 de setembro de 2000

Tomás Reggio veio de uma família rica e profundamente religiosa. Nasceu em Gênova (Itália) no dia 9 de janeiro de 1818. No dia seguinte foi batizado na catedral de São Lourenço e em 1828, na mesma catedral, foi crismado. Dez anos depois, em 1838, termina seus estudos universitários formando-se em Direito, e mesmo com um futuro e uma carreira brilhantes decide ingressar no seminário para dedicar-se totalmente a Cristo e em ajudar ao próximo. Já no seminário, estudou e aprofundou-se nas diversas doutrinas.

Em 18 de setembro de 1841 aos 20 anos, também na catedral de São Lourenço é ordenado sacerdote. Uma das várias frases que marcou sua trajetória de vida foi dita logo após sua ordenação sacerdotal: "Quero ser santo, custe o que custar".  

Neste mesmo ano ingressa na Congregação dos Missionários Rurais e Suburbanos que tem a finalidade de realizar retiros espirituais e missões, especialmente nas paróquias.
Em 1842 formou-se Teologia na Universidade Real de Gênova, em meio a uma crise política, social e cultural que afetava a Itália.   

Apenas com seus vinte cinco anos, Tomás Reggio é nomeado vice-reitor do Seminário de Gênova e logo depois reitor do Seminário de Chiavari. O jovem reitor exercia seu trabalho com  humildade, fortalecido na oração e no amor a Deus e à Nossa Senhora.

Dedicou-se intensamente na formação dos futuros sacerdotes que estivessem dispostos a comprometer a vida por Deus e pela Igreja.  
Exercendo o cargo de reitor do seminário se declara a favor da liberdade de imprensa; a partir deste momento, Tomás Reggio, junto com um grupo de católicos fundam o primeiro jornal da Igreja com o nome “O Católico”, que tinha a finalidade de difundir o evangelho e fazer com que as pessoas soubessem dos acontecimentos da época, porém,  com um olhar cristão defendendo os direitos da Igreja. 

Em 1851 é nomeado Abade da Basílica de “Santa Maria Assunta” em Carignano. 
Já em 1861 o jornal muda de nome e passa a ser chamado “O Estandarte Católico”, onde Tomás Reggio chegou  a  exercer o cargo de diretor.   
Em março de 1877 o Papa Pio IX nomeia Tomás Reggio como Bispo Auxiliar de Dom Biale, em Ventimiglia, era uma diocese muito pobre, porém mais tarde foi nomeado Bispo desta mesma diocese. 

As necessidades daquele lugar e um seminário em ruínas, levam Tomás Reggio a vender todas suas propriedades e começar uma grande reforma no seminário. O aumento das vocações sacerdotais faz com que Tomás Reggio busque ajuda na comunidade das Religiosas Missionárias de Pigna. 

Tomás Reggio era uma pessoa muito exigente, devido a isso decide formar uma congregação de religiosas.   
Em 1878 fundou a Congregação das Religiosas de Santa Marta, que tinha como finalidade responder às necessidades da época, vivendo o carisma de Santa de Marta, que acolheu, serviu e amou Jesus. Dessa forma elas também deviam acolher os pobres, doentes e deficientes.  Estas religiosas aprenderam dele a adorar em silêncio, a alimentar-se da oração, a encontrar de joelhos as razões de uma fé, que faz descobrir Cristo nos pequeninos com os quais se identificava.

Quando, em 1887, um terremoto devastou a região, D. Reggio, apesar da sua avançada idade, apresentou-se imediatamente junto dos atingidos pela catástrofe levando-lhes ajuda, e depois convocou os párocos pedindo-lhes que o informassem sobre o estado das suas paróquias, a fim de providenciar as ajudas que recebia de muitas pessoas, entre as quais leitores de vários jornais.

Foi pródigo, reservando para si apenas a sua batina e o antigo relógio, testemunhando assim que se fez pobre pela sua gente. Cuidou de modo especial dos muitos órfãos, vítimas do terremoto, inicialmente assistidos nalguns centros já existentes na cidade e para eles criou, mais tarde, um orfanato em Ventimiglia entregue aos cuidados das Religiosas de Santa Marta.   

Em 1892 escreveu ao Papa: "Peço a Sua Santidade que me exonere do cargo episcopal, a fim de poder ser um simples Sacerdote para que a diocese não sofra por causa da minha avançada idade e confie a outro o cargo de uma tarefa tão pesada”.   

A resposta do Santo Padre foi surpreendente. Em maio desse mesmo ano, Tomás Reggio, foi nomeado Arcebispo de Gênova. Apesar dos seus 74 anos de idade e das dificuldades que apresentava, aceitou humildemente o cargo para cumprir a vontade de Deus.

Em 1900, a Itália católica decidiu consagrar a Deus e a Nossa Senhora o novo século, então Tomás Reggio convidou todos os Bispos da região para uma grande peregrinação ao Monte Saccarello, onde foi  colocada a estátua do Cristo Redentor. Para chegar ao Monte ele junto a outros sacerdotes e muitos peregrinos, partiram de Gênova em um trem de terceira classe, até Triora, pequena cidade situada aos pés do Monte Sacarello. O desejo de continuar a pé o trajeto da peregrinação era muito grande, mas não foi possível fazê-lo, pois um mal estar o impediu. Foi o início de uma doença que o levaria ao término da sua vida. 

Tomás Reggio faleceu na tarde do dia 22 de novembro de 1901.
Respondendo àqueles que lhe perguntavam se ele desejava alguma coisa simplesmente disse: “Deus, Deus, só Deus me basta!”.  

A resposta foi a expressão daquilo que o guiou e  sempre viveu.  Após 109 anos de sua morte e quando celebramos os 10 anos de sua beatificação Tomás Reggio continua presente através de suas filhas, que fiéis ao carisma de Santa Marta e ao testamento de seu fundador, vão transformando em uma Betânia todos os lugares por onde cada uma delas se encontra.

Oração
Senhor, te damos graças por ter nos dado o Beato Tomás Reggio que em tempos difíceis soube ser, na Igreja, um apóstolo incansável e um autêntico pastor de Teu trabalho.
Confiando na Tua providência, sustentado na Tua palavra, mostrou as pegadas de Tua presença na história.
Concedei-nos, Senhor, a força de amar-Te, servir-Te como ele tem amado e servido. Por sua intercessão concede-nos (especialmente por...)
Tudo isso nos pedimos por Cristo Nosso Senhor,
Amém!


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