domingo, 17 de setembro de 2017

17 de agosto - Santa Hildegarda de Bingen


Em Santa Hildegarda de Bingen revela-se uma extraordinária harmonia entre a doutrina e a vida quotidiana. Nela a busca da vontade de Deus na imitação de Cristo expressa-se como uma prática constante das virtudes, que ela exerce com suma generosidade e que alimenta nas raízes bíblicas, litúrgicas e patrísticas à luz da Regra de São Bento: resplandece nela de modo particular a prática perseverante da obediência, da simplicidade, da caridade e da hospitalidade. Nesta vontade de pertença total ao Senhor, a abadessa beneditina sabe englobar os seus dotes humanos ímpares, a sua perspicaz inteligência e a sua capacidade de penetração das realidades celestes.

Hildegarda nasceu em 1089 em Bermersheim, perto de Alzey, de pais de linhagem nobre e ricos proprietários de terras.
Aos oito anos foi aceita como oblata na abadia beneditina de Disibodenberg, onde em 1115 emitiu a profissão religiosa. Com a morte de Jutta de Sponheim, por volta de 1136, Hildegarda foi chamada a suceder-lhe como Abadessa.
De saúde física frágil, mas vigorosa no espírito, comprometeu-se profundamente por uma renovação adequada da vida religiosa.
Fundamento da sua espiritualidade foi a regra beneditina, que indica o equilíbrio espiritual e a moderação ascética como caminhos para a santidade. Depois do aumento numérico das monjas, devido sobretudo à grande consideração pela sua pessoa, por volta de 1150 fundou um mosteiro na colina chamada Rupertsberg, nas proximidades de Bingen, para onde se transferiu juntamente com vinte irmãs de hábito.

Em 1165 instituiu outro em Eibingen, na margem oposta do Reno. Foi abadessa de ambos.

Dentro dos muros do mosteiro ocupou-se do bem espiritual e material das irmãs de hábito, favorecendo de modo particular a vida comunitária, a cultura e a liturgia. Fora deles comprometeu-se acivamente por robustecer a fé cristã e fortalecer a prática religiosa, promovendo a reforma da Igreja com os escritos e a pregação, contribuindo para melhorar a disciplina e a vida do clero.


A convite primeiro do Papa Adriano IV e depois de Alexandre III, Hildegarda exerceu um apostolado fecundo — na época não muito frequente para uma mulher — efetuando algumas viagens não sem incômodos e dificuldades, para pregar até nas praças públicas e em várias igrejas-catedrais, como aconteceu entre outras em Colónia, Tréveros, Liege, Mogúncia, Metz, Bamberga e Würzburg.


A profunda espiritualidade presente nos seus escritos exerce uma influência relevante quer nos fiéis, quer em grandes personalidades da sua época, abrangendo numa renovação incisiva a teologia, a liturgia, as ciências naturais e a música.

Atingida por uma doença no Verão de 1179, Hildegarda, circundada pelas irmãs de hábito, adormeceu no Senhor em odor de santidade no mosteiro do Rupertsberg, perto de Bingen, a 17 de Setembro de 1179.

Nos seus numerosos escritos Hildegarda dedicou-se exclusivamente a expor a revelação divina e a fazer conhecer Deus na limpidez do seu amor.

A doutrina hildegardiana é considerada eminente tanto pela profundidade e retidão das suas interpretações, como pela originalidade das suas visões. Os textos por ela compostos estão animados por uma autêntica «caridade intelectual» e evidenciam densidade e vigor na contemplação do mistério da Santíssima Trindade, da Encarnação, da Igreja, da humanidade, da natureza como criatura de Deus que se deve apreciar e respeitar.

Estas obras nascem de uma íntima experiência mística e propõem uma reflexão incisiva sobre o mistério de Deus. O Senhor tinha-a tornado partícipe, desde menina, de uma série de visões, cujo conteúdo ela ditou ao monge Volmar, seu secretário e conselheiro espiritual, e a Richardis de Strade, uma irmã monja.

Mas é particularmente iluminante o juízo dado por São Bernardo de Claraval, que a encorajou, e sobretudo pelo Papa Eugénio III, que em 1147 a autorizou a escrever e a falar em público.

A reflexão teológica permite que Hildegarda esquematize e compreenda, pelo menos em parte, o conteúdo das suas visões. Ela, além dos livros de teologia e de mística, compôs também obras de medicina e de ciências naturais. São numerosas também as cartas — cerca de quatrocentas — que enviou a pessoas simples, comunidades religiosas, papas, bispos e autoridades civis do seu tempo. Foi também compositora de música sacra. O corpus dos seus escritos, pela quantidade, qualidade e variedade dos interesses, não tem comparação com nenhuma outra autora da Idade Média.

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