quarta-feira, 19 de julho de 2017

19 de julho - Santa Macrina

 "Senhor, tu nos livraste do medo da morte. Tu fizeste do ocaso de nossa vida a aurora da verdadeira  vida. Tu permites a nossos corpos repousar por um pouco de tempo, durante o sono, para despertá-los ao som da trombeta. Tu permites que se deposite na terra o pó com o qual tuas mãos nos forjaram; retomas o que nos deste, transformando em imortalidade e beleza aquilo que em nós é mortal e disforme. Deus eterno, põe ao nosso lado um anjo de luz que me conduza pela mão ao lugar da restauração, onde jorra a água refrescante, no seio dos santos padres. Se caí por causa da debilidade de minha natureza, por palavras, ações, pensamentos, concede-me o perdão a fim de que volte a subir e, uma vez despojado de meu corpo, possa encontrar-me diante de ti sem mancha e sem rugas na face de minha alma. Mas que minha alma seja recebida entre teus escolhidos, irrepreensível e imaculada, como incenso em tua presença".
Uma Família de Santos: 

Macrina nasceu em Cesaréia, na Capadócia, era a primogênita de dez filhos de São Basílio o Maior e Santa Emélia, pertencentes à aristocracia da Ásia Menor que prontamente aceitou o cristianismo.

Como seus pais sofressem perseguições religiosas por parte do imperador Galério Máximo (293-311), a família mudou-se para o Ponto, província romana localizada ao norte da Capadócia.

Macrina é chamada a Jovem, porque levava o nome da avó paterna, ela também santa, Macrina a Anciã. Desde a mais tenra idade foi educada nas Sagradas Escrituras; o Livro da Sabedoria e os Salmos de David eram as obras prediletas dela, que não se descuidava dos deveres domésticos e dos trabalhos de bordado e de costura.

Na adolescência, devido a sua beleza, muitos foram os pretendentes à sua mão. Aos doze anos, como era costume, o pai prometeu-a em matrimônio, mas o noivo morreu prematuramente. Ela recusou-se a aceitar novos compromissos e, como a mãe ficara viúva após o nascimento do décimo filho, permaneceu a seu lado ajudando-a na educação de seus irmãos.


Os irmãos aprenderam com ela o temor da riqueza e o amor à oração e a palavra de Deus. Foi “o pai e a mãe, a guia, a mestra e a conselheira” de seu irmão mais novo, Pedro, pois o pai morreu pouco depois do seu nascimento.


Exerceu muita influência sobre seu irmão Basílio, que deixou a vida mundana para abraçar a vida monástica, tornando-se depois Bispo de Cesárea. Ele voltou a rever a irmã no mosteiro em 376; ordenou sacerdote o irmão mais novo, Pedro, que vivia em um mosteiro vizinho ao da irmã. São Basílio morreu em 1° de janeiro de 379.

Quando todos os irmãos se tornaram auto-suficientes, ela convenceu a mãe a se retirar com ela para a solidão em uma propriedade da família, nas margens do Rio Íris, onde fundaram um mosteiro, e para onde seguiram também suas criadas e companheiras.

Numa organização de tipo familiar, as monjas dedicavam-se à meditação sobre as verdades do cristianismo, às orações e ao auxílio aos pobres. O convento era considerado essencial para as virgens absorverem a cultura sagrada; nele as mulheres poderiam ser alfabetizadas. Não só os irmãos de Macrina, mas também amigos da família, como São Gregório Nazianzeno e Santo Eustáquio de Sebaste, estiveram ligados a esta comunidade.

Macrina teve papel preponderante na espiritualidade católica do século IV. Pelo fato de viverem inteiramente dedicadas ao ascetismo virginal e de basear seu conhecimento unicamente nas Escrituras, ela e as outras virgens são consideradas verdadeiros esteios do cristianismo. Possuía uma excelente bagagem intelectual: sua mãe a ensinara a ler e ela conhecia autores cristãos, como Orígenes, além de ler as obras dos irmãos.
               
Por ocasião da morte da mãe, em 373, Macrina tornou-se superiora do mosteiro. Ela então repartiu entre os pobres a herança que recebeu de sua mãe, e viveu do trabalho de suas mãos.
Retornando do Concílio de Antioquia, em 379, São Gregório, Bispo de Nissa, desejou visitar a irmã, mas a encontrou nos seus últimos momentos de vida.

O santo ficou muito consolado vendo a alegria com que sua irmã suportava a tribulação e muito impressionado com o fervor com que ela se preparava para a morte. Eles tiveram somente um último colóquio de elevado teor espiritual e depois de uma magnífica oração a Deus, entregou a alma a Deus (380).

Santa Macrina era tão pobre, que para amortalhar o cadáver não se encontrou outra coisa além de um vestido velho e um tecido surrado. São Gregório, porém, doou a sua túnica de linho para seu sepultamento. O corpo foi sepultado na igreja dos 40 Mártires de Sebaste, a pouca distância do mosteiro, onde já estavam sepultados seus pais.

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