sexta-feira, 7 de julho de 2017

07 de julho - Beato Pedro To Rot

“O primeiro Beato da Papua da Nova Guiné abre uma nova era na história do povo de Deus neste país. Martírio sempre fez parte da peregrinação do povo de Deus através da história. Na leitura do Antigo Testamento, o segundo livro de Macabeus conta a história de Eleazar e sua incrível fidelidade à lei santa de Deus, a sua disponibilidade para aceitar a morte, em vez de fazer o mal. Antes da prova suprema, ele disse: "Senhor, a quem pertence o conhecimento sagrado, sabe que, sendo capaz de escapar da morte, sofro com dores terríveis o flagelo do corpo, mas a alma de bom grado suporta tudo isso por temor a Ele" (2 Mac 6, 30). (...)

O sofrimento causado pela recente e trágica erupção aproximou a comunidade cristã na Nova Bretanha do mártir Pedro To Rot. No plano salvífico de Deus, o sofrimento "mais do que qualquer outra coisa, faz presente na história da humanidade as forças da Redenção" (Salvifici doloris, 27). Assim como o Senhor Jesus salvou seu povo por amá-los "até o fim" (Jo 13, 1), "até à morte e morte de cruz" (Fl 2, 8), assim também continua a convidar cada discípulo a sofrer pelo Reino de Deus. Quando unido com a Paixão redentora de Cristo, o sofrimento humano torna-se um instrumento de maturidade espiritual e uma magnífica escola do amor evangélico.

O Beato Pedro compreendeu o valor do sofrimento. O Beato Pedro, inspirado pela sua fé em Cristo, foi um esposo devotado, um pai amoroso e um catequista empenhado. Foi conhecido pela gentileza, cordialidade e compaixão. A Missa cotidiana e a Sagrada Comunhão, além das frequentes visitas a nosso Senhor no Santíssimo Sacramento, sustentaram-no e deram-lhe a sabedoria para aconselhar aqueles que haviam perdido a esperança, como também lhe deram a coragem de perseverar até a morte. Para ser um evangelizador eficaz, Pedro To Rot estudou muito e procurou o conselho dos "grandes homens" sábios e santos. Acima de tudo, ele orou por si mesmo, para sua família, para o seu povo, para a Igreja. O seu testemunho do Evangelho inspirou a outros, em situações muito difíceis, porque ele vivia a sua vida cristã com grande alegria e pureza. Sem o saber, preparou-se durante toda a vida para o maior dom: renunciando a si mesmo todos os dias, caminhou com seu Senhor ao longo da estrada que conduz ao calvário” (cf. Mt 10, 38s)”
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 17 de janeiro de 1995

Pedro nasceu em 1912 no distrito de Rakunai, próximo à capital de Nova Bretanha (Papua da Nova Guiné). Originário de uma família profundamente cristã recebeu dos próprios pais os elementos fundamentais da fé e a instrução religiosa. Aluno exemplar e assíduo na prática religiosa, distinguiu-se desde a juventude pela sua profunda piedade. Inscreveu-se no curso de catequese, a fim de tornar-se um válido colaborador na obra da evangelização do meio em que vivia.

Em novembro de 1936 casou-se com Paula La Varpit. Desse matrimônio nasceram três filhos. Os deveres familiares não o impediam de desempenhar a função de catequista.
A aldeia de Rakunai foi ocupada durante a Segunda Guerra Mundial por tropas japonesas. Os sacerdotes foram aprisionados. Pedro assumiu a responsabilidade da vida espiritual dos habitantes de Rakunai. Não só continuou a instruir os fiéis e visitar os doentes, mas batizou, assistiu aos matrimônios, orientou o povo na oração e socorreu os pobres.

O Beato Pedro era um marido devotado. Tratou a sua esposa Paula com profundo respeito. Orava com ela todas as manhãs e todas as noites. Viveu profeticamente a recomendação do Evangelho, segundo a qual os esposos se sujeitam um ao outro no temor de Cristo (cf. Ef 5, 21). Era um pai amoroso, honrava seus filhos e nutria por eles um afeto profundo, passando com eles o maior tempo possível.

Ele tinha em alta consideração o matrimônio. Não obstante o grande risco pessoal, e a oposição, defendeu o ensinamento da Igreja sobre a unidade matrimonial e sobre a necessidade de fidelidade recíproca.

Quando as autoridades legalizaram e encorajaram a poligamia, o Beato Pedro, sabendo que isto era contra os princípios cristãos, denunciou firmemente esta prática. Graças ao Espírito Santo, que habitava nele, proclamou de modo corajoso a verdade acerca da santidade do matrimônio. Recusou o caminho mais fácil (cf. Mt 7, 13) de compactuar com o mal. “Devo cumprir o meu dever como testemunha da Igreja de Jesus Cristo”, explicou. O temor do sofrimento e da morte não o deteve.

Aumentando a atitude hostil dos japoneses, Pedro To Rot chegou a ser preso. Mas depois de alguns dias de detenção foi libertado. Em abril de 1945 foi novamente preso, por causa de uma denúncia falsa. Condenado a dois meses de detenção, quando já estava prestes a deixar a prisão, um médico militar aplicou-lhe uma injeção letal. Era o dia 07 de abril de 1945.
Durante o período de seu último aprisionamento, Pedro permaneceu sereno, até mesmo alegre. Ele disse às pessoas que estava pronto a morrer pela fé e pelo seu povo. No dia de sua morte, Pedro pediu à sua esposa que lhe trouxesse o seu crucifixo de catequista. Esta cruz acompanhou-o até o fim. Pedro morreu mártir, em defesa da fé e como testemunho fiel de seu ardente apostolado na obra da evangelização.

No Beato Pedro To Rot os fiéis têm um mestre da Santidade do Matrimônio e da Família. Confirmou a sua pregação com o seu sangue. A sua morte foi decidida, sobretudo, devido a sua inflexível defesa da dignidade sacramental do matrimônio.

João Paulo II beatificou Pedro To Rot durante a solene concelebração eucarística, aos 17 de janeiro de1995. A Missa foi rezada em Port Moresby, capital da Papua da Nova Guiné. Estavam presentes a esposa e uma filha do Beato. Durante o ofertório elas apresentaram alguns dons ao Papa.

Beato Pedro To Rot, Mártir do Matrimônio, rogai pelos casais, rogai pelas famílias!

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