quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

05 de janeiro - São Carlos de Santo André Houben

"O amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado". Na verdade, no caso do sacerdote passionista, Carlos de Santo André Houben, observamos como este amor foi prodigalizado numa vida totalmente dedicada ao cuidado das almas. Ao longo dos numerosos anos de ministério sacerdotal na Inglaterra e na Irlanda, o povo o procurava para obter conselhos sábios, a sua solicitude compassiva e o seu toque taumatúrgico. Na doença e no sofrimento reconheceu o rosto de Cristo crucificado, a cuja devoção tinha dedicado toda a sua vida. Hauriu em abundância das torrentes de água viva que brotava do lado trespassado, e com a força do Espírito deu testemunho perante o mundo do amor do Pai. Durante as exéquias deste sacerdote muito amado, afetuosamente chamado Padre Carlos de Mount Argus, o seu Superior observou: "O povo já o declarou santo".

Papa Bento XVI – Homilia de Canonização -  03 de junho de 2007

Os autênticos santos são imitadores de Cristo e, são Carlos Houben, foi um desses. Assim nos diz Pierluigi de Eugenio: “passou a vida abençoando, curando e perdoando. Sempre disposto e amável. Pobre entre os pobres, fez de sua vida um dom para os que sofrem. Todo de Deus, todo do próximo. Os necessitados de alma e de corpo não o deixavam repousar nem um momento. Profundamente dedicado à família religiosa e à pátria, trabalhou por muitíssimos anos a fio por uma e por outra, encontrando nos que sofrem a seus próprios irmãos e na terra da Irlanda sua própria pátria”.
João André nasce em Munstergeleene, Holanda, em 11 de dezembro de 1829, sendo o quarto de dez filhos em uma família de posses. Cresce em inteligência, idade e graça. Seu irmão José dirá dele: “conhecia somente dois caminhos: o da igreja e o da escola”. Cedo nasce no coração do jovem o desejo de ser sacerdote. Conhece os Passionistas, há pouco tempo chegados à Holanda trazidos pelo padre Domingo Barberi e, aos 24 anos, no dia 05 de novembro de 1845, entre no noviciado em Ere, Bélgica, e veste o hábito adotando o nome de “Carlos”.

Durante o noviciado foi irrepreensível. Este é o testemunho de um de seus companheiros: “me sentia muito edificado diante de sua grande santidade. Era exemplar, cheio de fé e de piedade, pontual, observante das regras, simples, amável e caráter doce. Sua piedade e sua natural alegria lhe ganhavam o afeto de todos”. Em 21 de dezembro de 1850 é ordenado sacerdote. Em 1852 é enviado à Inglaterra onde estavam os Passionistas há cerca de 10 anos. Carlos não regressará mais à Holanda, nem voltará a ver mais seus familiares. Sua mãe havia morrido há cerca de oito anos e seu pai há dois.

Passará mais de quarenta anos de sua vida nas ilhas britânicas. Se estabelece primeiro em Aston, na Inglaterra, onde se dedica aos imigrantes irlandeses que levam a cabo um duro trabalho nas minas. Esta experiência será útil em sua próxima permanência na Irlanda. Se doa completamente a eles, se interessa por seus problemas e por sua saúde. Conforta-os, ajuda-os, cuida de suas doenças físicas e morais, enquanto continua trabalhando a favor da congregação e da Igreja.

Em 1857 o transferem para a Irlanda, em Dublin/Mount Argus, aonde os Passionistas chegaram havia pouco tempo. Devem ser construídos o convento e a igreja. O padre Carlos se revela providencial. O povo irlandês que o havia visto a seu lado com tanta solicitude se mostra generoso. Constrói-se um convento e uma bela igreja dedicada a são Paulo da Cruz. Padre Carlos, sem sabê-lo, prepara seu próprio santuário.

Carlos não será nunca um grande pregador, sobretudo pela dificuldade com a língua, porém, passa horas e horas no confessionário, assiste aos moribundos, abençoa os enfermos com a relíquia de são Paulo da Cruz. Acompanham a benção belas e emocionantes orações compostas por ele mesmo. Recebe a fama de taumaturgo. Cada dia, cerca de trezentas pessoas, provenientes de todas as partes da Irlanda, da Inglaterra, da Escócia e até da América acorrem a ele atraídos pela fama de sua santidade. Encontram um coração compassivo, disponível e terno. Médicos e enfermeiros de Dublin, frente a casos desesperados, aconselhavam chamar ao padre Carlos e Carlos acudia às casas e aos hospitais, levando quase sempre o dom de uma cura inesperada e sempre uma sensação de serenidade. Com amor preparava os moribundos para o grande passo, ajoelhado em oração, ao lado de seus leitos. Para fazê-lo descansar um pouco, os superiores várias vezes o mudam de convento, porém, depois o fazem regressar a Dublin.

Na comunidade era exemplar, cheio de fé e de piedade, simples e afável, de uma amabilidade angelical. Não obstante as ocupações, passa largo tempo em adoração diante do tabernáculo. Diversas vezes o encontram em êxtase, especialmente durante a Santa Missa. Às vezes o acólito se vê obrigado a sacudi-lo para que prossiga a celebração.
Nos últimos anos de sua vida sofre muito por causa de uma gangrena em uma perna e outros males. Suporta a enfermidade com paciência continuando a desenvolver seu apostolado. Cada dia continua a subir e descer uma escadaria de 59 degraus, dezenas de vezes ao dia, para receber as pessoas que vem a ele.

Morre serenamente em 05 de janeiro de 1993. Por cinco dias, antes da sepultura, recebe honras fúnebres dignas de um rei, com gente proveniente de toda a Irlanda.
Foi beatificado por João Paulo II em 16 de outubro de 1988, fazendo oficial reconhecimento da santidade do padre Carlos que já em vida era chamado por todos de “o santo de Mount Argus” e foi canonizado por Bento XVII em 03 de junho de 2007.


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