sábado, 30 de julho de 2016

São Leopoldo Mandic

Era o dia 14 de maio de 1944. A Europa estava em plena guerra e a Itália, aliada da Alemanha, sofria as consequências do seu envolvimento no conflito. Pádua tinha sido escolhida como alvo da aviação inimiga. As bombas choviam, devastando a cidade. A igreja dos capuchinhos foi duramente atingida, bem como grande parte do convento.
Cessada a tempestade, quando a fumaça se dissipou, o trágico alcance da destruição apareceu aos olhos de todos. Algo, porém, chamava enormemente a atenção: uma pequena parcela daquele mosteiro permanecia intacta no meio das ruínas. A fúria demolidora do bombardeio respeitara de modo miraculoso apenas um aposento e uma imagem de Nossa Senhora das Graças.
Doze anos antes - em 23 de março de 1932, Frei Leopoldo, predissera que a Itália seria envolvida num mar de fogo e sangue. Iniciada a guerra, perguntaram-lhe se Pádua seria bombardeada. Sua resposta foi clara: "Será, e duramente. Também o convento e a igreja serão atingidos, mas esta pequena cela, não, esta não! Aqui Deus usou de tanta misericórdia para com as almas, que deve ficar como monumento de Sua bondade!"
Leopoldo Mandic nasceu na Dalmácia, atual Croácia, em 12 de maio de 1866. Os pais, católicos fervorosos, batizaram-no com o nome de Bogdan, que significa "dado por Deus". Desde pequeno apresentou como características a constituição física débil e o caráter forte e determinado. Mais novo de uma família numerosa, completou os estudos primários na aldeia natal.

Naquela época, o ambiente social e religioso da região da Dalmácia era marcado por profundas divisões entre católicos e ortodoxos, o que incomodava o espírito católico do pequeno Bogdan, que decidiu dedicar sua vida à reconciliação dos cristãos orientais com Roma.

Aos dezesseis anos, ingressou na Ordem de São Francisco de Assis, em Udine, Itália, adotando o nome de Leopoldo. Foi ordenado sacerdote em Veneza, onde concluiu todos os estudos em 1890. Sua determinação era ser um missionário no Oriente e promover a unificação dos cristãos. Viajou duas vezes para lá, mas não em missão definitiva.

Leopoldo foi destinado aos serviços pastorais nos conventos capuchinhos por causa da saúde precária. Ele era franzino, tinha apenas 1,40 m de altura e uma doença nos ossos. Com grande espírito de fé, submeteu-se à obediência de seus superiores. Iniciou, assim, o ministério do confessionário, que exerceu até a sua morte. No início, em diversos conventos do norte da Itália e, depois, em Pádua, onde se tornou "o gigante do confessionário".

A cidade de Pádua é famosa por ser um centro de numerosas peregrinações. É em sua basílica que repousam os restos mortais de santo Antônio. Leopoldo dedicava quase doze horas por dia ao ministério da confissão. Para os penitentes, suas palavras eram uma fonte de perdão, luz e conforto, que os mantinham na fidelidade e amor a Cristo. Sua fama correu, e todos o solicitavam como confessor.

Foi quando ele percebeu que o seu Oriente era em Pádua. E fez todo o seu apostolado ali, fechado num cubículo de madeira, durante 33 anos seguidos, sem tirar um só dia de férias ou de descanso. Pequenino e frágil, com artrite nas mãos e joelhos e com câncer no esôfago, ofereceu toda a sua agonia alegremente a Deus.

Frei Leopoldo Mandic morreu no dia 30 de julho de 1942, em Pádua. O seu funeral provocou um forte apelo popular e a fama de sua santidade espalhou-se, sendo beatificado em 1976. O papa João Paulo II incluiu-o no catálogo dos santos em 1983, declarando-o “herói do confessionário” e "apóstolo da união dos cristãos", um modelo para os que se dedicam ao ministério da reconciliação.

Hoje também celebramos São Pedro Crisólogo

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