sexta-feira, 10 de junho de 2016

São João Dominici



“Voz sonora, quase grave, adaptada não só para ensinar e deleitar, mas também para dobrar e amolecer os corações endurecidos. .. humilde no vestir, grave no andar, grande de estatura, simpático de aspecto, afável com os pobres e com os desconhecidos, tratável com o povo, digno de reverência com os magnatas, notável pelo conselho em todas as matérias, alegre na fisionomia e grave, pudicíssimo, vigilante, simples, reto; a tal ponto amante da pobreza, que chegava a não possuir livros para ensinar e pregar...”
Testemunho de Santo Antonino de Florença

João Dominici nasceu no ano 1355, em Florença, na Itália. De origem muito humilde, ele teve sérias dificuldades para estudar, além disso, gaguejava.
Com forte vocação religiosa, tentou ingressar no convento dos dominicanos, mas foi recusado pela falta de qualificação intelectual e o fato de ser gago também pesou.
Apesar dessas desvantagens, João não desistiu: na segunda tentativa, aos dezessete anos, ingressou na Ordem Dominicana, no Convento de Santa Maria Novella. Surpreendeu a todos pelo caráter afável e generoso, pela inteligência e dedicação nos estudos, pelo destacado zelo às regras, às orações e pela austeridade de vida e duras penitências.
A única coisa que o entristecia era a dificuldade encontrada na pregação dos vigorosos sermões que escrevia, mas que, ao serem pronunciados, pareciam ridículos.

Em 1381, sua cura aconteceu, quando, prostrado e chorando, orou a santa Catarina de Siena, para que intercedesse por ele. E a santa de sua devoção o atendeu. Foi completar os estudos em Pisa e Paris, tornando-se um excelente teólogo e um eloquente pregador.

Ao destacado ministério da Palavra uniu sua talentosa eficácia de escritor, cujas obras alcançaram um alto valor catequético e pedagógico. Tornou-se estreito colaborador de Raimundo da Cápua, agora bem-aventurado, provincial daquela região, que à época se dedicava a restaurar as regras da estrita observância, tanto assim que foi considerado um segundo fundador da Ordem Dominicana.

Esse provincial enviou João a Veneza, em 1394, para promover a reforma em todos os conventos e mosteiros.

Lá foi eleito prior do Convento de Santa Maria Novella e em seguida começou a obra da restauração da estrita observância, pelo Convento de São Domingos de Veneza. Depois, foi de convento em convento preparando o grande reflorescimento da santidade e do apostolado, como o fundador da Ordem dos Pregadores, são Domingos, havia projetado.
Fundou um convento feminino, chamado de Corpus Christi, e o Convento masculino de São Domingos de Fiesole, que foi celeiro de santos e de apóstolos, entre os quais se destacaram Antonino e Frà Angélico, ambos discípulos de João Dominici. Em 1406, ele foi nomeado, pelo papa Gregório XII, seu embaixador em Florença, que, dois anos depois, animado pelas virtudes de João, o consagrou arcebispo de Ragusa e cardeal do título de São Xisto. 
Foi mestre do beato Fra Angélico, que o retratou num medalhão da Crucifixão, existente na sala do capítulo de São Marcos.

Participou, entre 1414 e 1418, do Concílio de Constança, conseguindo, com sua influência e autoridade de confessor particular e conselheiro pessoal do papa Gregório XII, que este renunciasse, colocando um fim no cisma que iniciara na Igreja do Ocidente.

O novo papa, Martinho V, em 1418, nomeou-o delegado do seu governo para a Boêmia, Polônia e Hungria, onde novas heresias começavam a proliferar. Porém seu zeloso trabalho apostólico foi interrompido quando uma febre fulminante tolheu-lhe a vida, em 10 de junho de 1419, na cidade de Budapeste, na Hungria.

O papa Gregório XVI beatificou João Dominici em 1832, confirmando para o dia de sua morte o culto litúrgico.

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