domingo, 27 de dezembro de 2015

Beata Sara Salkahazi

Professora, encadernadora, modista, jornalista eram as atividades que desempenhava Sara Schalkház, nascida no dia 11 de Maio de 1899 em Kassa-kosice, na Hungria, quando fez o pedido para entrar no Instituto das Irmãs da Assistência, uma congregação religiosa húngara que atualmente é ativa também nos Estados Unidos, no Canadá, no México, em Taiwan e nas Filipinas.
As religiosas da nova Congregação (fundada em 1923 por Margit Schlachta e dedicada a causas caritativas, sociais e em favor das mulheres) estavam relutantes em acolher esta jornalista de sucesso e, inicialmente, enviaram-na para a Casa-Matriz, em Budapeste. Dezesseis anos depois, ela tornou-se a primeira mártir da Congregação.
Ao entrar em contato com as Irmãs da Assistência, Sara sentiu uma forte chamada para se unir a elas. Através de sua atividade intelectual, abriu-se à vocação e decidiu dedicar toda sua vida ao serviço do próximo. 
Em seu contato com os pobres, a irmã Sara descobriu a extrema necessidade das mulheres na sociedade de então, mulheres que eram obrigadas a trabalhar tendo inclusive a família para cuidar, que viviam em plena dependência e miséria, muito frequente. Após uma resistência inicial, parou de fumar com grande dificuldade, e foi admitida na Congregação com a idade de 30 anos, em 1929. Escolheu como lema Isaías: "Eis-me aqui, envia-me" (6, 8).

Foi enviada para Kassa, sua cidade natal (que no fim da primeira guerra mundial tinha sido anexada à Tchecoslováquia) a fim de organizar a obra caritativa católica. Depois, criou uma publicação feminina católica, administrou uma livraria religiosa, dirigiu um hospital para os pobres e lecionou.
Os Bispos da Tchecoslováquia confiaram-lhe a organização do movimento nacional dos jovens.
Recebeu encargos sobre encargos que a extenuaram física e espiritualmente. Num ano recebeu 15 diferentes encargos, desde cozinhar até lecionar no Centro de Formação Social. Quando algumas noviças decidiram deixar a Congregação, Sara também considerou a ideia de abandoná-la, em especial porque as suas Superioras não lhe teriam permitido renovar os votos (consideravam-na indigna) nem vestir o hábito por um ano. Embora estas decisões a tenham ferido profundamente, Sara aceitou e permaneceu fiel à sua vocação por amor Daquele que a tinha chamado. Professou os votos perpétuos em 1940.
Quando o partido nacional-socialista húngaro adquiriu poder e começou a perseguir os judeus, as Irmãs da Assistência ofereceram-lhes refúgio.

Margit Slachta, superiora geral da congregação, prescreveu que em cada casa pertencente a sua Sociedade se escondessem as mulheres perseguidas. Além disso, as estudantes dos internatos foram mandadas para as suas casas, para ter lugar suficiente para as perseguidas. 

As leis húngaras da época eximiam as pessoas de origem judaica das conseqüências jurídicas desta pertença se eram membros de uma congregação religiosa, ou se eram sacerdotes ou clérigos de uma igreja cristã. Por isso, por exemplo, na cidade de Cluj, na atual Romênia, que também pertenceu à Hungria, esta Sociedade tinha uma casa grande, onde não poucas mulheres jovens estavam vestidas de religiosas para salvar a vida. 

Temos muitos testemunhos deste tipo. Em outra casa da Sociedade em Budapeste, até o último momento da ocupação nazista, havia muitos escondidos, inclusive homens. Naturalmente, não estavam vestidos de religiosas, mas eram ocultados em compartimentos sob o teto da casa e coisas pelo estilo. 

O assédio russo de Budapeste teve início no Natal de 1944. No dia 27 de Dezembro, a Irmã Sara dirigia uma meditação com as suas irmãs de hábito sobre o martírio, que para ela se tornou realidade naquele mesmo dia. Era uma ação muito bem organizada e muito arriscada e, por isso, a irmã Sara, em uma consagração solene, feita na capela da congregação, aqui em Budapeste, se ofereceu como sacrifício da sociedade para salvar todas as outras. 
Com efeito, após sua morte, nenhuma outra religiosa foi assassinada nem pelos nazistas nem pelos comunistas que vieram depois.

Antes do meio-dia, Irmã Sara e outra religiosa voltavam para casa a pé e viram os soldados nazistas armados diante da sua habitação. Irmã Sara podia fugir, mas decidiu que, sendo a diretora, devia voltar para casa. Dez dos 150 refugiados naquela casa foram declarados suspeitos e levados para o gueto.
Naquela noite, num porto do Danúbio, foi fuzilado um grupo de pessoas, entre as quais estava a Irmã Sara. Quando foram colocados em fila, ela ajoelhou-se e fez o sinal da cruz antes de ser fuzilada.
Foi canonizada em 17 de setembro de 2006

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