quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Beata Chiara Luce - santa aos 19 anos

Chiara Badano nasceu em Sassello, no dia 29 de outubro de 1971, depois que os pais a aguardaram por 11 anos. O seu nome é Chiara (Clara, em português). Ela é mesmo assim, com seus olhos límpidos e grandes, com o sorriso doce e comunicativo, inteligente e determinado, vivaz, alegre e esportiva, foi educada pela mãe – com as parábolas do Evangelho – a conversar com Jesus e a lhe dizer «sempre sim».

Era sadia, gostava da natureza e de brincar, mas desde pequena se distinguia pelo amor que tinha pelos «últimos», a quem cobria de atenções e de serviços, muitas vezes renunciando a momentos de divertimento. Já no Jardim de Infância colocava as suas economias numa pequena caixa para as «crianças de cor»; e sonhava em poder um dia ir à África como médica para cuidar delas.

Foi uma menina normal, mas com algo mais. Era dócil à graça e ao projeto que Deus tinha para ela que aos poucos foi se revelando. No dia da sua primeira Comunhão recebeu de presente o livro dos Evangelhos. Foi para ela um «magnífico livro» e «uma extraordinária mensagem»; como afirmou: «Para mim, é fácil aprender o alfabeto, deve ser a mesma coisa viver o Evangelho!».

Aos 9 anos entrou como Gen (geração nova) no Movimento dos Focolares. Viveu a sua espiritualidade e pouco a pouco envolveu os pais. Desde então a sua vida foi uma subida, tentando «colocar Deus em primeiro lugar».

Prosseguiu os estudos até o Liceu clássico, e ofereceu a Jesus as suas dificuldades e sofrimentos. Mas aos 17 anos, de repente uma dor aguda no ombro esquerdo revelou nos exames e nas inúteis operações um osteossarcoma, que deu início a um calvário de dois anos aproximadamente. Depois que ouviu diagnóstico, Chiara não chorou nem se revoltou: ficou imóvel em silêncio e depois de 25 minutos saiu dos seus lábios o sim à vontade de Deus. Repetirá muitas vezes: «Se é o que você quer, Jesus, é o que eu quero também».

Não perdeu o seu sorriso luminoso; enfrentou tratamentos dolorosos e arrastava no mesmo Amor quem dela se aproximava. Ela não aceitou receber morfina para não perder a lucidez e oferecia tudo pela Igreja, pelos jovens, os ateus, pelo Movimento, pelas missões…, permanecendo serena e forte.

Repetia: «Não tenho mais nada, contudo tenho o meu coração e com ele posso sempre amar». O seu quarto, no hospital em Turim e em casa, era um lugar de encontro, de apostolado, de unidade: era a sua igreja. Também os médicos, até mesmo aqueles não praticantes, ficavam desconsertados com a paz que se sentia ao seu redor e alguns se reaproximaram de Deus. Se sentiam “atraídos como por um ímã” e ainda hoje se recordam dela, falam sobre ela e a invocam. Quando sua mãe lhe perguntou se ela sofria muito, respondeu: «Jesus tira de mim as manchas dos pontinhos pretos com a água sanitária e isso queima. Quando eu chegar ao Paraíso serei branca como a neve». Estava convencida do Amor de Deus por ela. De fato, afirmava: «Deus me ama
imensamente» e, depois de uma noite particularmente dura, acrescentou:«Sofria muito, mas a minha alma cantava…».

Os amigos que a visitavam para consolá-la, voltavam para casa consolados. Pouco antes de partir para o Céu, ela revelou:  «Vocês não podem imaginar como é agora o meu relacionamento com Jesus… Sinto que Deus me pede algo mais, algo maior. Talvez seja ficar neste leito por anos, não sei. Interessa-me unicamente a vontade de Deus, fazê-la bem no momento presente: aceitar os desafios de Deus. Se agora me perguntassem se quero andar (a doença chegou a paralisar as pernas com contrações muito dolorosas), eu  diria não, porque assim estou mais perto de Jesus».

Chiara, pela insistência de muitos, num bilhetinho, escreveu a Nossa Senhora: «Mãezinha Celeste, eu te peço o milagre da minha cura; se isso não for vontade de Deus, peço-te a força para nunca ceder!» e permanecerá fiel a este propósito.

Desde muito jovem fez o propósito de não «doar Jesus aos amigos com as palavras, mas com o comportamento». Não falar de Jesus, mas ser Jesus para os amigos. Tudo isso nem sempre é fácil; de fato, repetirá algumas vezes: «Como é duro ir contra a corrente!». E para conseguir superar cada obstáculo, repetia: «É por ti,Jesus!».

Para viver bem o cristianismo, Chiara procurava participar da missa todos os dias, quando recebia Jesus que tanto amava. Lia a palavra de Deus e a meditava. Muitas vezes refletia sobre a frase de Chiara Lubich: “Serei santa, se for santa já”.

Quando viu sua mãe preocupada, pois ficaria sem ela, Chiara continuou a repetir: «Confie em Deus, pois você fez tudo»; e «Quando eu tiver morrido, siga Deus e encontrará a força para ir em frente».

Acolhia com amabilidade quem ia visitá-la; escutava e oferecia o próprio sofrimento, porque dizia: «Eu tenho mesmo a matéria!». Nos últimos encontros com o seu Bispo, manifestou um grande amor pela Igreja. Enquanto isso o mal avançava e as dores aumentavam. Nenhum lamento; dos lábios: «Com você, Jesus, por você, Jesus!».

Chiara se preparou para o encontro: «É o Esposo que vem me encontrar», e escolhe o vestido de noiva, as canções e as orações para a “sua” Missa; o rito deverá ser uma «festa», onde «ninguém deverá chorar».
Recebendo pela última vez Jesus Eucaristia aparece imersa nele e suplica que seja recitada a «oração: Vinde Espírito Santo, mandai do Céu um raio da tua luz».O nome “LUCE” (LUZ) lhe foi dado por Chiara Lubich, com quem teve um intenso e filial relacionamento epistolar desde pequenina.

Não teve medo de morrer. Disse à sua mãe: «Não peço mais a Jesus para vir me pegar e me levar para o Paraíso, porque quero ainda lhe oferecer o meu sofrimento, para dividir com ele ainda por um pouco a cruz». Um pensamento especial aos jovens: «Os jovens são o futuro. Eu não posso mais correr. Porém, gostaria de lhes passar a tocha, como nas Olimpíadas. Os jovens têm uma vida só e vale a pena empregá-la bem!».

E o «Esposo» veio buscá-la no amanhecer do dia 7 de outubro de 1990, depois de uma noite muito dolorosa. Era o dia da Virgem do Rosário. Estas foram suas últimas palavras: «Mãezinha, seja feliz, porque eu o sou. Adeus».

Ela também fez a doação das suas córneas. O enterro foi celebrado pelo Bispo de então e dele participaram centenas de jovens e muitos sacerdotes. Os membros do Gen Rosso e do Gen Verde tocaram as canções escolhidas por ela. O exemplo luminoso de Chiara atinge muitos corações de jovens e adultos os move e os orienta a Deus.

A sua “fama de santidade” se estendeu imediatamente em várias partes do mundo; muitos os “frutos”. Dom Livio Maritano,Bispo da Diocese de Acqui, no dia 11 de junho de 1999 abriu o Processo pela a Causa de canonização. No dia 3 de julho de 2008 ela foi declarada Venerável com o reconhecimento do exercício heroico das virtudes teologais e cardeais. No dia 19 de dezembro de 2009 o Papa Bento XVI reconhece o milagre atribuído à intercessão da Venerável Chiara Badano, e assinou o Decreto para a sua Beatificação.

Foi beatificada no dia 25 de setembro de 2010.

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