quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Santo Agostinho e a Santíssima Trindade

Dentre os Padres da Igreja, Santo Agostinho foi um dos grandes pensadores que se dedicou à árdua tarefa de refletir sobre o mistério da Santíssima Trindade, tentando entendê-lo e explicá-lo. Dentre as suas principais obras teológicas, está o famoso De Trinitate (Sobre a Trindade). O desafio que esta tarefa significou está bem expresso na lenda medieval que se conta sobre o Bispo de Hipona em referência a esta reflexão. 
Conta-se que um dia Agostinho estava passeando pela praia de Hipona, mergulhado em suas reflexões a respeito do mistério da Trindade. Ele andava de um lado para o outro, encantado com o vai-e-vem das ondas, tentando solucionar o enigma com a força de sua razão, quando observou uma criança que brincava na praia. O menino tinha feito um buraco na areia e se afadigava em idas e vindas entre o mar e o pequeno buraco na areia, trazendo a água e derramando-a no buraco. Arrancado de sua meditação para o observar no tal exercício repetido, Agostinho aproximou-se do menino e perguntou: Olá, menino! O que você está fazendo? 
Ao que o menino prontamente respondeu: Quero transportar toda a água do mar para este buraquinho! Tocado pela inocência do pequenino, o Bispo de Hipona respondeu: Olha lá, menino! Você não vê que é impossível colocar toda a água do mar nesse buraquinho? O mar, como você está vendo, é imenso e este buraquinho é tão pequenino! No mesmo instante, revelando-se um enviado de Deus, o menino transformou-se num Anjo e, ato contínuo, respondeu: Pois eu te digo, Agostinho: é mais fácil para mim pôr toda a água do mar neste buraquinho do que tu esgotares, somente com os recursos da tua razão, as profundezas do mistério da Trindade! E desapareceu.
Esta historinha sobre Santo Agostinho representa bem a grandeza do mistério de Deus e a pequenez do ser humano. Quando tentamos reduzir Deus aos nossos esquemas mentais, racionais, tendemos a transformá-Lo num pequeno ídolo, feito à imagem e semelhança de nossos interesses pequenos e mesquinhos. É como querer colocar a imensidão do mar dentro de um buraquinho na areia da praia.

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